Artigo: Inovação Disruptiva I Newton Paskin, mentor Singularity

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Inovação Disruptiva

Por Newton Paskin, mentor Singularity University

Resumo – A ideia de termos inovação e disrupção incorporado no pensamento estratégico da empresa requer uma serie de mudanças no comportamento empresarial. Esta mudança inclui movimentos em todos os níveis da liderança, começando nos níveis mais altos, bem como um empoderamento de todos setores que atuam na produção de serviços e produtos e no contato direto e indireto com clientes e consumidores destes produtos e serviços, fornecedores e a comunidade.

(Inovação, Disrupção, Pensamento Exponencial, Linear, Medo)

Introdução

Pensar em inovação disruptiva é pensar de uma forma que reinvente o que uma empresa oferece como serviços ou produtos. Começando com a possibilidade do que é oferecido no momento deixe totalmente de existir. Isto requer uma mudança estrutural no pensamento organizacional da empresa; A possibilidade de errar com parte do processo. A remoção do conceito do medo como ferramenta de gerenciamento deve ser completamente removida. Tentativas de novas soluções não testadas ou completamente inovadoras somente serão iniciadas se errar não só é permitido, mas também incentivado. Obviamente, “redes de proteção” deverão ser incorporadas ao processo afim de não permitir consequências danosas a empresa.

Além disto, é necessário também que utilizemos a noção de pensamento exponencial e não somente o que estamos acostumados que é o pensamento linear. Tradicionalmente, empresas planejam crescimento de 10% ou 20% ou corte de custos de 10%. O pensamento exponencial requer um crescimento de 10X. Ou seja, se as vendas no momento são de R$100.000,00 por mês, o que seria necessário para que as vendas passassem para R$1.000.000,00 por mês. O pensamento exponencial libera a criatividade e as possibilidades das empresas em realizarem novas empreitadas com crescimento explosivo no mesmo período de tempo.

O que é o pensamento exponencial? Ao contrário do crescimento linear, aonde repetimos a adição de uma constante, o crescimento exponencial repete a multiplicação desta constante. Esta é a razão que a curva exponencial cresce mais rapidamente. Uma outra forma de visualizarmos a diferença destes crescimentos; imagine que você está andando 6 passos de 1 metro cada, ao final, você andou 6 metros no total. Depois de outros 24 passos você andou 24 metros adicionais para um total de 30 metros. Assumindo que pudéssemos andar exponencialmente, os primeiros 6 passos seriam um total de 32 metros (1, 2, 4, 8, 16, 32) o que é significantemente maior que 6 metros. Porem, dobrando o passo a cada um dos próximos nos coloca a 1 Bilhão de metros de onde nós começamos. Este é o poder do crescimento exponencial.

A explicação do pensamento exponencial é necessária pois ela pode também levar a algumas suposições que talvez não façam sentido naquele determinado momento. Daí a necessidade da remoção do medo. Estruturas sociais e empresárias vem sendo organizadas a séculos baseadas em hierarquias aonde o poder vem de cima para baixo. O julgamento de performance baseado hierarquicamente promove naturalmente o medo. Estruturas empresariais que eliminam o medo são organizadas em torno de processos e normalmente são também matriciais. Desta forma eliminando a relação direta de 1 para 1 que normalmente existe em hierarquias tradicionais. Além disto, o julgamento de performance, maior instrumento de medo em estruturas hierárquicas, passa também a ser bidirecional ou multidirecional. Ou seja, o gerente do processo julga todos os membros do processo ao mesmo tempo que todos os membros também julgam o gerente. Este processo é repetido até o mais alto posto na empresa.

Contexto

Uma vez instalado a nova estrutura aonde tentar, experimentar, se der errado consertar, tentar e experimentar novamente e repetir este processo diversas vezes é parte da estratégia e pensamento da empresa, o próximo passo é diferenciar necessidades de melhorias continuas e inovação. Na minha experiência lidando com executivos em diversas industrias, estes dois processos são normalmente confundidos ou assumidos de serem os mesmos. Esta parte deve ser clarificada e entendida por todos, na organização. Melhorias continuas são parte do processo de qualidade de devem ser inseridas no DNA de cada departamento da empresa. Normalmente estas melhorias são ligadas a processos produtivos, redução de custos, aumento de vendas, contatos com clientes, etc. Por natureza, lineares. Inovação pode ser linear ou exponencial. Porem Inovação Disruptiva é necessariamente exponencial. Exemplos de algumas Inovações Disruptivas;

AirBnB na indústria hoteleira
UBER na indústria de transporte
iPhone na indústria Celular

A característica da Inovação Disruptiva é que ela modifica totalmente a indústria e cria novos conceitos. UBER identificou que o maior problema para o transporte via Taxi era a ansiedade de saber se haveria ou não disponibilidade de transporte quando a necessidade surge. Quem é o motorista? Que tipo de carro? Quanto tempo para chegar até onde eu estou?

A Apple identificou que o telefone celular estava sempre presente ao lado da pessoa, 27 X 7. O que a Apple criou foi um ecossistema que permitiu toda uma indústria de novos aplicativos de serem acionados por qualquer um a todo o tempo. O mundo é outro desde 9 de Janeiro de 2007. Podemos claramente identificar o mundo antes do iPhone e depois.

Um outro exemplo da diferença entre melhoria continuas e Inovação Disruptiva seria um produtor de resinas de plásticos estudar diferentes maneiras de produzir estas resinas. Custos mais baratos, refinarias mais eficientes e menos poluentes, matérias primas diferentes de petróleo, etc. todos estes movimentos seriam melhorias. Porem achar uma maneira de eliminar a “ilha de plástico” do meio do Oceano Pacífico ou descobrir uma maneira eficiente de reciclar plásticos de forma que eles não permaneçam no mundo por milhares de anos, seria Inovação Disruptiva.

Desenvolvimento

Os próximos passos da empreitada da Inovação, uma vez que a Cultura e Liderança foram feitos, são extremamente importantes para solidificação da jornada.

Criação dos processos que suportem a nova Cultura e Liderança e também mantenham em cheque qualquer tentativa de volta ao pensamento anterior.
Implementação de tecnologias adequadas que permitam os processos acima de serem implementados e mantidos de forma eficiente e secura.

É importante ressaltar que as 3 etapas relacionadas acima; Cultura e Liderança, Processos e Tecnologia são a pernas de um tripé que devem estar em perfeito equilíbrio com o conceito de “Stakeholders” (Acionistas, Clientes, Fornecedores, Empregados e Comunidade). Este tripé permite que o crescimento ao longo prazo de todos os “Stakeholders” aconteça de forma igualitária. Durante breves períodos de curto prazo, e possível a priorização de um “Stakeholder” em detrimento dos demais. Um exemplo comum é a redução de pessoal no sentido de alcançar um equilíbrio de Receita vs. Despesas. Porem, a longo prazo esta prática não deverá ser usada.

Recentemente, certas empresas famosas com marcas super conhecidas começaram a usar a metodologia da Inovação Disruptiva combinada com processos de Melhorias Continuas e o método Agile. Estas empresas selecionam um grupo de pessoas, abrem uma nova empresa, empodera o processo criativo e testa o conceito e o mercado sem nenhuma ligação com a Marca. Neste sentido a “Startup” pode utilizar todas a ferramentas digitais tais como; Impressão 3D, Prototipagem Rápida, “Crowdsourcing”, “Crowdfunding” entre outros o que seria totalmente impossível caso a imagem com a Marca fosse utilizada. Este processo é um exemplo da aplicação plena do conceito de Inovação combinada com o de “Stakeholders”.

Conclusões

Pensar estrategicamente em Inovação Disruptiva passa necessariamente pela eliminação completa do negócio atual da empresa. O que seria da empresa se os produtos que são “carros chefes”, no momento, não existissem ou se tornassem totalmente ultrapassados?

Como exemplos diametralmente opostos, temos entre outros, a IBM e a Kodak. A Kodak inventou a maquina fotográfica digital. Porem a ideia foi arquivada pois não ajudava a vender filmes fotográficos que eram a concentração de negócios da Kodak por quase 100 anos. Resultado, hoje a Kodak não existe mais, destruída pela fotografia digital. Por outro lado, a IBM, inventora do Personal Computer, PC, vendeu todo o seu negócio de computadores pessoais para a Lenovo e hoje é uma das maiores empresas de serviços e consultoria no mundo. Na realidade, a IBM cresceu mais rapidamente depois da venda da área de PCs.

Na realidade, o que as empresas precisam hoje é um processo estratégico holístico. Ele engloba uma combinação de Melhorias Continuas; que são necessárias para a eficiência dos produtos e serviços vendidos no presente com a Inovação Disruptiva; que assegurará o futuro da empresa.

Não iniciar esta reflexão, no presente, é uma decisão que assegura que a existência da empresa, no futuro, estará potencialmente fadada ao insucesso ou a completa extinção da mesma. Não há certeza qual será o resultado da jornada, apenas que a jornada tem que ser começada.