…..oportunidades e ameaças, forças e fraquezas de um protagonismo essencial.
“São muitos os pontos a descrever e colaborar com o líder da era complexa, na qual a comunicação real, a virtual e a inteligência artificial ganham protagonistas cada vez mais relevantes para as trocas sociais e as relações ganha-ganha”.
A nova era complexa, na qual vivemos, caracterizada por mudanças tecnológicas, pela volatilização dos mercados globais e alta competitividade pede um novo perfil do líder, que para ter sucesso, precisa pensar de forma sistêmica, considerando conexões e parcerias, seja nos negócios ou projetos. Segundo informações da Internet Live Stats, empresa que monitora o uso da web em todo o mundo, no intervalo de 1 segundo, 67.000 pesquisas são feitas no Google, mais de 7.000 twittes são postados, 69.000 vídeos são vistos no Youtube e 2,5 milhões de emails são enviados.
Os números confirmam a dinâmica do mundo complexo: as pessoas estão mais conectadas e se comunicando mais.
Os três medos importantes das gerações que vivem a nova era são: ficar sem sinal de internet, conexão ruim e os 10% que restam de conexão!

Embora os dados demonstram que na base da pirâmide existe uma nova necessidade “por conexão”, o mundo virtual como um grande avanço para a comunicação entre as pessoas e empresas, (e isso não temos dúvida!) já na vida real as pessoas sofrem para criar laços, relacionamentos consistentes, mobilizar pessoas, parceiros e recursos.
90% de todo tempo dedicado a um projeto está relacionado à comunicação, segundo o Project Management Institute (PMI) …e se existir falha nesse quesito, o caminho para o insucesso é certo.
Aprender a se expressar de forma verbal e não verbal é fundamental para o sucesso das relações interpessoais. Investir em competências que elevam o potencial de inteligência emocional, a capacidade de criar e/ou co-criar é também um dos caminhos para obter a colaboração das pessoas, seja na vida, em projetos ou negócios. Empresas que enxergam as oportunidades desse cenário estão investindo no desenvolvimento de seus líderes, pois acreditam que o relacionamento interpessoal é potencializado com o conjunto de competências (como como saber comunicar, agir, mobilizar, transferir, aprender, saber engajar, possuir visão estratégica e assumir responsabilidades). Resultados em Companhias líderes de mercado, para as quais desenvolvo projetos, demonstraram que essas competências criaram novas formas de pensar as mudanças, efetivaram comprometimento com resultados, minimizaram conflitos, gerando mais conexões e parcerias importantes ao crescimento das pessoas e à sustentabilidade dos negócios.
Por outro lado, empresas que não possuem essa visão estão perdendo talentos, dinheiro e rompendo com a gestão de conhecimento com perdas irreparáveis de capital intelectual.
Pesquisa realizada pela Dale Carnegie, em empresas localizadas em 28 países revela que apenas 34% da população ativa se diz engajada nos negócios. No Brasil, a média é ainda menor: entre 22% e 25%. São perdidos R$11 bilhões, anualmente, com turnover e pouco engajamento atinge 66% dos colaboradores pesquisados, segundo outro estudo da Gallup – empresa de pesquisa dos Estados Unidos.
Líder espectador ou protagonista?
Abro um parêntese para uma reflexão rápida sobre as seguintes características: (Líder espectador ou protagonista? Espera a mudança ou lidera a mudança?) Aqui destaco alguns pontos inspirados na observação do colega Luis Rasquilla, CEO da Inova Consulting:

Líder espectador: espera que lhe deem instruções; resiste à mudança; responde de forma reativa; tecnologia é sua inimiga; apático e conservador.

Líder Protagonista: lidera a mudança; adapta-se ao contexto; cria e antecipa-se; domina a tecnologia; emponderado e arrojado; comunica de maneira assertiva.
Nessa abordagem lúdica do líder espectador e protagonista, faço uma associação dessa última ao líder transformacional que é capaz de transformar o ambiente Organizacional e a realidade por onde passa – ele é preparado para solucionar problemas dos mais simples aos mais complexos, visionário, estrategista e estimula o engajamento dos talentos, sendo fonte inspiradora para os que compõem a sua equipe.
Destaco a “comunicação assertiva” do líder protagonista e os viéses que ela traz como confiança e transparência, pois são virtudes que cooperam para que o líder se comporte com mais equilíbrio e segurança ao tomar decisões e executar ações.
“As pessoas têm probabilidade muito menor de resistir à mudança quando ajudam a moldá-la.” Diane Gherson, Chefe de RH da IBM.
Além disso, a comunicação potencializa a relação ganha-ganha entre o líder e sua equipe, pois abre portas para aspectos fundamentais em tempos de mudanças: ativa a criatividade, a participação das equipes e estimula o sentimento de pertencimento.
Mas o que as empresas ganham com esse líder?
Empresas que possuem profissionais engajados elevam a produtividade em até 202%, diz consultoria internacional. E na bagagem esse dado traz outro elemento essencial para o sucesso da liderança, a Felicidade.
Estudos em Harvard University mostram que a felicidade é essencial para a liderança dos novos tempos…. As emoções e a mentalidade do líder impactam drasticamente o humor e o desempenho das pessoas. Afinal, o pensamento influencia a emoção e a emoção influencia o pensamento.

As conexões são evidentes e evoluem o conhecimento em uma velocidade nunca antes
vista – Disrupção (rompimento de padrões), era volátil (tudo pode mudar); o conhecimento dobrando em 13 meses em 2018 e em 2020 em 12 horas!
São muitos os desafios do líder da era complexa, nesse mundo VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade), com impactos para as empresas que esbarram na dificuldade de ter previsibilidade nos planejamentos.
Será que nós líderes estamos preparados para esse processo e conseguimos enxergar suas “ameaças e oportunidades” com clareza e agir com assertividade? Será que as nossas “forças e fraquezas” permeiam também a seara de outros líderes?
Em meu trabalho de consultora em processos de mudanças, sustentabilidade e desenvolvimento de lideranças, tenho observado que as angústias desse tempo, (em uma analogia simples, mas marcante para muitos de nós) “chega a soar como aquele momento do pai ou a mãe se sente “impotente” por não conseguir oferecer o melhor aos seus filhos”.
Nesse movimento não há receita pronta – mas existem ingredientes substanciais para o líder criar a sua!
Para começar ou recomeçar o exercício da liderança transformacional, conectar com o seu propósito nesse mundo é o primeiro passo.
“Não vivemos numa era de mudanças…Vivemos uma mudança de era.” (Cris Andersen, editor da revista Wired e autor do livro A cauda Longa.
Entender o MINDSET que ditará o futuro é fundamental para o líder da nova era – o coletivo emerge e é o fim do protagonismo individual; o racional cede lugar ao emocional e ao social; o pensamento exponencial ganha lugar do linear e sai a mentalidade da escassez e entra a era da abundância.
A psicologia positiva e a programação neurolinguística, neste contexto, podem contribuir para o líder compreender melhor o seu funcionamento interno, suas histórias e valores que impactam diretamente no seu comportamento. E para a interação com os talentos nesse processo de mudanças, atitudes positivas, engajamento, ética e a comunicação verbal e não verbal fortalecem o propósito da liderança na essência, pois desenvolvem alicerces importantes para a construção de relacionamentos consistentes e conexões importantes. São muitos os pontos que podem descrever e colaborar para o líder da era complexa, na qual a comunicação real, a virtual e a inteligência artificial ganham protagonistas cada vez mais relevantes para as trocas sociais e as relações ganha-ganha, mas abordei esses, pois estão ancorados em um novo perfil que nasce para transformar pessoas preparando as para a nova era.
Aprender a aprender, desenvolver a curiosidade, a paixão, combinações perfeitas para desenvolver o hemisfério direito do cérebro importante à adaptação da nossa espécie “ainda homo sapiens”, complementam um pouco mais o “nexo” do protagonista essencial.
E como disse Charles Darwin: não é o melhor ou o mais forte que sobrevive, mas o que melhor se adapta. E a partir daqui ensaio o tema que abordarei no próximo artigo.
*Júnia F. Carvalho é consultora estratégica de negócios, pessoas, projetos e sustentabilidade. Diretora na Oito Consultoria, Professora em cursos MBA e palestrante.
Veja também: https://www.linkedin.com/pulse/o-l%C3%ADder-da-era-complexa-j%C3%BAnia-f-carvalho/